O ponto certo de dar um basta

Caro Estranho,

Há duas semanas, descobri mais uma traição do meu marido. Decidi me separar. Porém, sofro de ansiedade e, ontem mesmo, tive uma crise grave de pânico, ao me ver sozinha em casa com o meu filho de oito anos. Estávamos juntos há 18. Mas agora, ele tem me manipulado com mensagens. Estou sem chão, mas disposta a acabar com isso, pois toda vez que ele me trai, eu o perdoo.

Obrigada,

Laura

Cara Laura,

Para mim, você está no caminho certo, e quero tentar mostrar o porquê, apesar de o espaço ser pequeno. Antes, sinto muito pelo que você tem passado. Sei o que é ter de enfrentar a ansiedade, mas não consigo nem imaginar como é encerrar uma união de 18 anos, que envolve, inclusive, um filho. Toda traição é também a quebra do acordo firmado pelo casal desde o começo. E, com ela, perdem-se ainda o respeito e toda a confiança. Pelo que você me contou, não foi a única vez que ele a traiu. Logo, a tendência, se você voltar atrás, é que ele o faça de novo.

“Decidi me separar.” Se você quer uma relação amorosa saudável e satisfatória, sugiro aqui que  mantenha essa decisão. Afinal, o que vocês têm hoje em comum, além de um filho, é apenas a dependência emocional um do outro. E você, pelo menos, sabe disso. Não foi à toa que me disse que ele a tem “manipulado” para tentar fazê-la mudar de ideia. A questão é que isso contribui muito para piorar a ansiedade que você sente. Há ainda o medo de ficar só e do desconhecido. Por tudo isso, seria importante você ser acompanhada por algum especialista durante esse processo de separação, que será doloroso, não posso mentir para você.

Portanto, pela terceira vez, vou repetir aqui. Dê um basta, Laura. Não há mais amor, confiança ou respeito entre vocês. O que resta agora é uma mãe e uma criança de oito anos que precisam ser acolhidos e orientados. No entanto, ainda antes disso, há uma mulher forte, corajosa e capaz de ser independente, sim. Acredite nisso. Agora, quanto à ansiedade, ela deve melhorar, pois ela tem um gatilho muito claro. Por fim, se precisar, volte a me escrever. Vou estar na torcida.

Um grande abraço,

Estranho