Uma mãe triste e desesperada

Caro Estranho,

Sou uma mãe que acabou de descobrir que o filho caçula é autista. Nunca achei que algo assim me tiraria o ar e o sono. Dá um nó no estômago, que demora a desatar. É culpa, medo e pânico. Tem dias em que me esqueço de tudo ou choro o tempo todo. Sei que não é o fim do mundo. Porém, isso tem doído muito. Na mãe, na esposa, na filha e até mesmo na mulher que sou hoje.

Obrigada por me ouvir,

Rosana

Cara Rosana,

“Um diagnóstico não é um destino.” Aprendi isso com a minha mãe. Para começar, gostaria que você pensasse um pouco sobre essa frase. Faça uma pausa, se precisar. Então, devo dizer que não consigo imaginar pelo que você tem passado, minha cara. Você está certa ao alegar que ter um filho com transtorno do espectro autista não é o fim do mundo. Porém, ainda assim, tento me colocar onde você está. E não vejo como, enfim. Penso que agora, talvez, o melhor a fazer seja procurar mais informação sobre o assunto, não é mesmo?

Mas vamos com calma aqui. Antes, você deve elaborar esse choque inicial. E, mais uma vez, não se desespere. Porque o mais importante é que, como toda e qualquer criança, esse filho precisa de muito amor e um entorno saudável para se desenvolver. Para isso, você e o resto da família deverão contar com alguma forma de suporte psicológico especializado e grupos de apoio para pais. Não sei de onde me escreveu, mas eles estão por todo lado. Neles, vocês vão poder falar e também ouvir relatos de outras famílias. Tudo isso para garantir o bem-estar desse garoto, com certeza, tão amado. Enfim, Rosana, há muito a se explorar.

Quanto à culpa que você menciona, desista de uma vez de procurá-la, minha cara. Ninguém é culpado por algo tão insondável. E, mais uma vez, quero repetir que o interesse dessa criança deve sempre vir em primeiro lugar. O caminho nunca é uma linha reta, e você e o pai dela, sem dúvida, terão a força necessária para lidar com esse novo desafio logo adiante. Vocês não serão mais ou menos felizes por conta disso. Caso se sinta à vontade, volte a me escrever.

Um grande abraço,

Estranho