Caro Estranho,
Após um período de separação, eu e a minha ex reatamos e, inclusive, saímos algumas vezes. Só que isso durou pouco tempo. Decidimos não nos vermos mais, mas continuamos a conversar. O problema é que ela disse que não quer mais me magoar. Enfim, sinto que preciso de alguém ao meu lado, pois não consigo ficar sozinho. Lá no fundo, não sei por que ainda insisto nela.
Obrigado,
Pedro
Caro Pedro,
Você ainda insiste nela, pois tem medo de ficar sem ninguém. É simples assim. Porém, a nossa conversa não acaba aqui, é claro. “Não consigo ficar sozinho”, você diz. Antes de tudo, quero que esqueça isso. No fundo, essa é apenas uma crença limitante. Ou seja, uma ideia adquirida, rígida demais, mas que pode ser transformada com certo esforço. E que, neste caso, assombra quase todo mundo. Quem não teme encarar a solidão, não é mesmo? Contudo, gostaria que você soubesse de antemão que é capaz de ficar sem alguém, sim. Mas dá algum trabalho.
De volta à carta, a questão dela não está na ex, nem na rejeição em si, mas em você e no medo da solidão, consegue perceber? E está certo. É um temor natural. Um grande receio de olhar para dentro de si mesmo e constatar um vazio, que deve ser preenchido. E isso assusta muito. Porém, meu caro, é essa a tarefa que a vida lhe impõe agora. Sair da zona de conforto em que você se encontra e encarar um mundo novo e desconhecido. Qual foi a última vez que você saiu para jantar só? E para viajar? Por que não sair para encontrar a turma? Enfim, você sabe quem você é solteiro? O que gosta de fazer ou não? São infinitas as perguntas e opções.
Há quem consiga evitar a vida toda essa busca pelo autoconhecimento. Mas, para mim, essa não é a melhor escolha. E para você? Não lhe parece importante superar o medo da solidão agora e, após se conhecer mais, ir atrás de um novo relacionamento? Como falei antes, toda essa longa procura por si mesmo é complexa e trabalhosa, mas pode ser também gratificante. Saber quem você é sem ninguém vai deixá-lo mais preparado para voltar a ter alguém.
Um grande abraço,
Estranho